sexta-feira, 22 de junho de 2012

A ARMADA DO CDE. DA

TORRE - DERROTADA 

PELOS VENTOS E

HOLANDESES



Em 1640 , o Conde da Torre , Governador – Geral da Bahia  , tenciou atrair a esquadra holandesa fundeada no Recife para destruí - la em combate , desembarcar tropas e estabelecer um bloqueio terrestre e marítimo  da capital da “Nova Holanda” .

Assim , naquele ano , uma armada luso-espanhola e outra  holandesa ,  se efrentaram em 4 combates , entre 12 e 17 de janeiro nas costas do nordeste do Brasil .

A esquadra holandesa estava sob o comando de Willem Corneliszoon Loos Lonck e era composta por 41 navios .

A armada luso - espanhola  sob o comando do Conde da Torre  era composta por 82 naus ( 13 galeões , 7 urcas , 1 patacho ,27 transportes e 34 navios ligeiros ) , artilhada com  2.400 canhões e transportava 10.000 homens , dos quais  5.000 para desembarque .

A 1ª. batalha foi travada em 12 de janeiro  pouco ao norte de Olinda (PE) , com um  duelo de artilharia .

Cornelisozoon , atingido por um tiro de obús  na cabeça , falece e é substituido por Jacob Huygens .

O 2º confronto se deu  em  13  de janeiro nas costas de  Goiana ( PE ).

O 3º embate   ocorreu em 14 de janeiro ,  nas costas da Paraíba .

A 4ª e última batalha  aconteceu em 17 de janeiro  nas costas do  Rio Grande do Norte , após um novo duelo de artilharia .

A 19 de janeiro tendo a esquadra do  Conde da Torre feito um bordo para NE na intenção de reunir alguns naus     desgarradas, os holandeses julgaram de que decidira abandonar os combates e regressar à Europa .

Em 25 de janeiro os batavos voltaram  triunfalmente para Recife .

Essas 4 batalhas resumiram-se  a longos  duelos de artilharia em resultado dos quais os holandeses perderam 4 naus, afundadas a tiro de canhão e os portugueses uma, por encalhe, além de dois navios mercantes.

Arrastadas pelo vento, as duas armadas iam avançando   para norte, com os navios holandeses sempre a barlavento ( lado de onde sopra o vento ) dos luso-espanhóis, nunca dando oportunidade  a que estes os abordassem conforme pretendiam .

A frota luso-espanhola levada pelos ventos deslocava-se cada vez mais para o norte a despeito dos esforços para contê-la , ficando fora de controle , desfalcada e desgarrada . O fracasso desta  frota  foi infligido em parte pelos ventos contrários e em parte pela habilidade dos experimentados marinheiros adversários .

Entretanto, alguns navios do Conde que permaneciam junto à foz do Ceará-Mirim desembarcaram  cerca de 1.300 soldados que, sob o comando de  Luís Barbalho, Bezerra iniciaram uma épica  marcha de retirada  de cerca de 1.500 km e  até a Bahia onde chegaram 4 mêses depois

Assim terminou a campanha naval, continuando tudo  como antes: os holandeses senhores do mar e das cidades do Nordeste  do Brasil e os portugueses senhores das cidades do Sul.

A dispersão e o malogro da Armada do Conde da Torre obviamente abalaram fortemente os governos do  Brasil , Portugal e Espanha .


quinta-feira, 21 de junho de 2012

OS ÍNDIOS CALVINISTAS

DO BRASIL HOLANDÊS

 


Foram os holandeses que trouxeram para o Brasil a Igreja Calvinista  cujo nome oficial era Igreja Cristã Reformada . No Brasil Holandês ( 1630 – 1654 ) esta igreja  realizou uma intensa obra missionária, especialmente entre os índios  ( chamados de “brasilianos” pelos holandeses ).

Alguns dos índigenas  que anteriormente  haviam embarcado para a Holanda retornaram para servirem como intérpretes dos missionários calvinistas  junto aos índios  do Nordeste brasileiro .

Passaram  cinco anos na Europa, e após aprenderem a ler e escrever, estes índios ( entre eles, Pedro Poti ) foram os primeiros missionários protestantes brasileiros.

O trabalho missionário envolvia a evangelização  e a educação dos indígenas . Uma escola foi organizada próximo à aldeia de Nassau e dois "brasilianos", educados pelos holandeses, tornaram-se professores:os índios  João Gonsalves e Melchior Francisco.

O próprio governo holandês pagava o salário de 12 florins mensais aos professores-índios, o correspondente ao soldo de um cabo do exército.

O primeiro pastor dessa igreja a se dedicar à evangelização dos nativos  ,foi Vincentius Joaquimus Soler que inicialmente  pregou na aldeia Nassau, no Recife (atual Bairro das Graças) e somente mais tarde, a pedido dos nativos da capitania da Paraíba, dedicou-se à evangelização dos índios propriamente dita .

David Doreslaer, cujo trabalho iniciou-se em 1638,  foi o primeiro pastor missionário em tempo integral ,  entre os nativos do Brasil.

O trabalho missionário dos calvinistas holandeses cresceu  a ponto de, em 1641, ser celebrada a primeira Ceia do Senhor na aldeia do cacique Pedro Poti.


Quando Pedro Poti , em 1645 foi eleito governador dos índios da Paraíba, seu primo Antonio Paraupaba também calvinista , foi simultânemente  escolhido  para o mesmo cargo no vizinho Rio Grande ( do Norte ) .


Mais tarde , em 1649, na Segunda Batalha dos  Guararapes,   aliado dos holandeses  , Pedro Poti foi preso,e lançado num poço onde permanecu por 6 mêses em condições desumanas . Foi  embarcado para Portugal  numa "viagem que não acabou, atalhada da morte."

O índio Antônio Paraupaba, após esta batalha   fugiu e homiziou-se na serra Ibiapaba, no Ceará, com seus comandados .


Várias tribos ( inclusive os ferozes tapuias ) rogavam  que a Igreja Cristã Reformada lhes enviasse pregadores .

Em seu trabalho, os pastores calvinistas ganhavam a confiança dos nativos dando-lhes assistência  material , traduziam partes da Escritura para o tupi, produziam literatura reformada em português e em tupi e formavam  professores -índios (alguns se tornaram “consoladores” ou evangelistas ).
Com a expulsão dos holandeses do Brasil , em 1654  , a Igreja Cristã Reformada também partiu. Os índios convertidos ao protestantismo foram incluídos no “Perdão Geral” promulgado pelos portugueses , mas  , sem acreditar nessa  promessa de  anistia , os índios evangélicos   refugiaram-se na Serra de Ibiapaba (CE) a 750 km do Recife, na divisa entre o Ceará e Piauí .

O padre Antônio Vieira, após  visita à Serra da Ibiapaba,

assim escreveu a respeito :

 "Com a chegada destes novos hóspedes, ficou Ibiapaba verdadeiramente a Genebra (*) de todos os sertões do Brasil, porque muitos dos índios pernambucanos foram nascidos e criados entre os holandeses, sem outro exemplo nem conhecimento da verdadeira religião”.

(*) uma alusão à Genebra de João Calvino .

A influência do ensino religioso havia sido mais profunda do que parecia  à primeira vista. Os padres ficaram perplexos  diante do conhecimento  dos indígenas em  ler e escrever .Sobre a convicção religiosa dos índios refugiados na Serra da Ibiapaba disseram :  "muitos deles eram tão calvinistas e luteranos como se houvessem nascido na Inglaterra ou Alemanha", considerando a igreja romana uma "igreja de moanga"(falsa) .  

Poucos anos depois, entretanto, não restava nada da “Genebra brasileira” pois gradualmente   , seus membros foram novamente submetidos a Roma ou massacrados como hereges . Assim , melancolicamente terminou um dos capítulos iniciais   da história da Igreja Cristã Reformada no Brasil .


CONVITE



Se V.se interessa pelo uso  correto e origem (etimologia) das palavras , visite nossos blogs :






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SUMÁRIO DAS ARMADAS” –



CERTIDÃO  DE NASCIMENTO



DA PARAÍBA





O “Sumário das Armadas” está para Paraíba como a Carta de Vaz de Caminha está para o Brasil ; aquela obra é considerada por muitos  como  "a certidão de nascimento" da Paraíba .

Sua autoria é controversa ,  mas o texto aponta para um autor que presenciou e participou  dos muitos fatos narrados , que ocorreram nos primórdios da Capitania .

A leitura da obra também evidencia que seu autor recorreu a fontes orais e escritas, além de pesquisar em documentos e livros da época .

O manuscrito original da obra   que teria 150 páginas desapareceu , mas dele há duas cópias . 
O  Sumário” foi iniciado em março de 1584 ,quando o narrador



chega a Recife , vindo da Bahia em companhia dos principais protagonistas da Conquista da Paraíba , eviados pelo Governador Manuel Teles Barreto .

O último evento histórico registrado foi e o retorno  do Ouvidor Geral Martim Leitão  a Olinda , em 1587 .

A obra originalmente tinha o título “ Sumário das armadas que se fizerão, e guerras que se derão na conquista do rio Parahiba, escripto e feito por mandado do muito reverendo padre em Christo o padre Christovão de Gouvêa, visitador da Companhia de Jesus de toda a provincia do Brasil".

Em maio de 1583 , o  padre jesuita visitador do Brasil   Cristovão de Gouveia chegou à Bahia acompanhado por Fernão Cardim seu secretário particular , também jesuita e futuro historiador .

Mas  não há   certeza  se foi realmente o padre Cristovão de Gouvêa - o 1º jesuíta visitador do Brasil - que escreveu este livro .

Alguns pesquisadores acreditam  que possivelmente seu autor foi o religioso Jerônimo Machado, que  acompanhou o padre em suas andanças , e teria escrito este livro por volta de 1603 , a mando do próprio  Cristovão de Gouvêa . 

Outros historiadores creditam a autoria da obra ao igualmente jesuíta  Simão Travassos , o qual também fora testemunha e participara destas viagens de Gouvêa como visitador da Cia.de Jesus .


O manuscrito original da obra   que teria 150 páginas desapareceu , mas dele há duas cópias  .

Jerônimo Machado nasceu  em 1555 , em  São Vicente (SP) , de pais portugueses . Em 1573 , com 18 anos , entra na Cia.de Jesus onde estuda Gramática por um ano e meio
Simão Travassos nasceu em 1543 em Braga , Portugal . Entrou como noviço  para a Cia. de Jesus , aos 9 anos ,em 1552 . Após estudar latim por 4 anos  tornou  –se professor no Colégio dos Jesuítas . Ordenado padre em 1574 em Lisboa ,  em 1577 partiu para o Brasil .

O “Sumário das Armadas” foi publicado pelo Senado Federal , com o título “ História da Conquista da Paraíba” ,  baseado na edição levada a cabo por José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha, em 1848, em sua revista “ Íris” , no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A FROTA ESPANHOLA

DA PRATA DE 1628

E O BRASIL HOLANDÊS



A  Frota  da Prata , Frota Espanhola da Prata  ou  Frota das Índias ( em espanhol : “Flota de Indias” ),foi  um transporte marítimo anual de vários  metais (ouro e prata), pedras preciosas, especiarias (seda), bens agrícolas (tabaco) e outros produtos  das colônias espanholas à Espanha.

O transporte ocorria  por meio de duas frotas, fortemente armadas que se reuniam perto de Havana, e que juntas  prosseguiam para a Espanha .

Essa fabulosa riqueza atraiu todo os tipos de corsários e piratas, mas eles raramente conseguiam interceptar a frota.

Uma das poucas ocasiões  em  que a frota foi abordada  com sucesso  ocorreu em 8 de setembro de 1628, quando o almirante holandês neerlandês  Piet Hein conquistou uma Frota da Prata de 4 galeões e 18 naus mercantes  que rumava para Havana . Hein,  comandava 32 navios artilhados  com 623 canhões e mais de 3.500 militares com os quais abordou  a frota na Baía de Matanzas , Cuba .

Com um saque no valor de 11.500.000  de florins Piet Pieterszoon Hein  regressou triunfalmente à Holanda em  9 de janeiro  de 1629 ; acolhido como herói nacional, foi nomeado  Tenente Almirante da Marinha de Guerra .

Cerca de 5.000.000  de florins foram destinados à   Companhia Neerlandesa das  Índias Ocidentais, o que lhe permitiu apoderar -se de Pernambuco em 1630 e fundar a colônia de Nova Holanda, com capital em Mauritsstad (atual Recife ) .

Alguns historiadores são de opinião que sem o episódio da Frota da Prata de 1628 não teria havido o Brasil Holandês .
 SIGISMUND VON SCHKOPPE ,



DE VENCEDOR A VENCIDO


Sigismund Von Schkoppe foi um militar alemão  e mercenário que serviu ao exército holandês e teve participação relevante durante toda a ocupação  holandesa do Nordeste do Brasil .
Já em 1632 , conquista  a ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco . 
Em 1634 ,  assume o comando das forças terrestres holandesas no Brasil invadido. Participa pessoalmente das campanhas para atacar os últimos redutos de resistência luso -brasileira, como Porto Calvo.
Em dezembro de 1634 as forças do general Van Schkoppe, com mais de 2.300 homens, sitiaram a fortaleza de Cabedelo , na Paraíba  , que após 19 dias de heróica  resistência, enfrentado  fome, sede e doenças, se rendeu .
Depois de consolidada a ocupação e já sob as ordens do conde João Maurício de Nassau , Von Schkoppe chefia as tropas holandesas na conquista das capitanias de Sergipe e do Ceará.
Volta em seguida para a Europa, onde fica até 1646, quando parte de novo para o Brasil na tentativa de conter a Insurreição Pernambucana ,  deflagrada em 1645 .
Em 1º de agosto de 1646 , Sigismundo Von Schkoppe chega ao Recife sitiado e faminto comandando a tão esperada frota salvadora , com 2.000 homens, que demorou 1 ano para ser organizada . A chegada desta armada reanimou a resitência batava em Recife .
É dele a estratégia  de invadir  a ilha de Itaparica,  em 1647, para paralisar completamente o comércio da Bahia e sitiar os luso-brasileiros de Salvador ; durante a ocupação, Von Schkoppe é promovido a tenente-general.
Ao deixar a Bahia, sem conseguir seu objetivo, Schkoppe começa a arquitetar uma nova estratégia  para  derrotar os inssurretos  pernambucanos.
Cercados em Recife, os holandeses tinham obrigatoriamente de passar por Guararapes para reocupar suas anteriores  posições ao sul da capital .
Esta tentativa redunda  na Primeira Batalha dos Guararapes, onde os holandeses comandados por Von Schkoppe  foram dizimados , em  18 e 19 de abril de 1648 .
Em 19 de fevereiro de 1649 , 10  meses mais tarde  da derrota da Primeira Batalha dos Guararapes  ,   ele também comandaria os holandeses numa nova  e desta vez  definitiva derrota , na Segunda Batalha dos   Gurarapes .
Após esta derrota , os holandeses profundamente desanimados  ficaram  praticamente enclausurados no Recife até  quando ocorreu a “Capitulação do Campo  do Taborda” , assinada em 26 de janeiro de 1654  .

Por ocasião da rendição holandesa , Von Schkoppe ainda padecia de ferimentos  recebidos num dos artelhos durante a Primeira Batalha dos Guararapes .
Na Holanda houve profunda comoção e  indignação pelos acontecimentos ocorridos no Nordeste  brasileiro . O  povo holandês extravasou toda a sua ira  sobre o bravo Gal. Von  Schkoppe que , mesmo ferido em combate se manteve  firme em seu posto até o último momento , foi detido  como um celerado  perigoso .


terça-feira, 19 de junho de 2012

ARCISZEWSKI O

CONQUISTADOR DO ARRAAIL

DO BOM JESUS



Crestofle d'Artischau Arciszewski (1592 - 1656) foi um militar polonês  que serviu à Companh  Holandesa  das Índias Ocidentais (WIC) durante as Invasões Holandesas do Brasil.

Após adquirir experiência militar durante os conflitos    entre seus país  e a Suécia, viu-se obrigado a fugir de seu país, depois de cometer um assassinato. Graças ao apoio do príncipe Radziwill, estudou  engenharia militar na Holanda .


Em 1630 ,  contratado pela WIC, chegou ao Brasil  como capitão, e foi um dos responsáveis pela construção do Forte de Itamaracá.

Retorna   às Províncias Unidas, mas rapidamente  regressa  ao Brasil com a patente de coronel, subordinado apenas ao coronel Sigismundo von Schkoppe e ao Conselho Político instalado no Recife.

A partir de então , contribuiu de forma decisiva nas campanhas que expandiram o domínio neerlandês na região Nordeste do Brasil , entre 1634 e 1637.

 Em 1634 , conquistou o Forte do Rio Cunhaú na capitania do Rio Grande e o Forte de Santo Antônio na  Paraíba .

Em 8 de junho de 1635 ,  realizou a sua maior proeza, ao capturar, após  assédio de 3 meses , pelas armas e pela fome  o  legendário Arraial do Bom Jesus .

 Ainda em 1635 , perseguindo Matias de Albuquerque que se retirava com sete mil moradores em direção à capitania da Bahia , reconquistou  Porto Calvo.

Em 1636 , saindo do campo entrincheirado de Paripueira , nas Alagoas, derrotou  a coluna de D. Luís de Rojas y Borja ,  na batalha da Mata Redonda.

Em 1637, com a chegada do conde Maurício de Nassau, que veio assumir o governo do Brasil Neerlandês, viu-se preterido e retornou à Europa .

Em 1638 , após a derrota de Nassau diante de Salvador o polonês retornou ao Brasil com poderes especiais, que antagonizavam  os do governador ;  os dois entraram em violento choque , que resultou na saída   definitiva de Arciszewski do Brasil.

Após prestar novos serviços militares  à sua pátria, em conflitos contra cossacos e tártaros, Arciszewski faleceu, solteiro, de causas naturais, em 1656.

Na Polônia é também   conhecido  por seus poemas, que versam acerca de sua agitada vida aventureira.

No Brasil, Estanislau Fischlowitz publicou uma biografia a seu respeito, intitulada "Cristóforo Arciszewski".